quinta-feira, 29 de junho de 2017

Mudar

O verbo diz 
ir
Direto transita 
Indiretamente em oração
Embora eu tente
Você é peça torta
Peça afiada
Que corta e corta
Machuca em vão
Sem fundamento
Conjuga meu peito
No vazio oco
Do meu coração
Que sempre
tem mais um pouco
E te cede perdão
Mas você é assim
como um verbo
E do ponto de vista sintático
exerce a função
no núcleo da sentença
Nunca de sua ação

Boa Oração

Já estou cansada
Da morte da graça
De seu amor sem paixão 
E em boa oração
Pedi a Deus
Que o tempo seja terno
e nunca vão
E que a vida
Não desfaça
Dessa alma rasgada
costurada em perdão
De amores em migalhas
E disfarçada escravidão
Então devo lhe dizer
Que um dia amei você
E te amar não deixarei
Mas meu segredo contarei
Que a distância me conforta
E um novo amor me bate à porta
E dessa vez meu bem, irei!

Descalço os sapatos

Num buraco
menor que um átomo
em bizarro desejo 
me calo
e me perco
no infinito de seus atos
vagos e pendurados
no espelho atrás do carro
Desamarro e descalço os sapatos
Vermelhos como são teus lábios
E rebeldes como meus cabelos
Que ficam presos em seus dedos largos

segunda-feira, 22 de maio de 2017

Pijamas Largos


Eu e meu pijama largo
Sozinhos, na breve vida que levo
Em pensamentos perdidos no quarto
Desembaralho e reescrevo esses versos
Que com lápis qualquer eu traço
Na perversa reversa travessia
Das verdades mal ditas que falo
Relevo o dia e a noite espero
Pelo poema que faço
E que Deus me proteja nesta simples poesia
E de todos os sentimentos que calo

terça-feira, 4 de abril de 2017

Cigarros

Acendo um cigarro
Que é pra matar a saudade
Do teu cheiro que some
Do meu carro, do meu casaco
E da minha pele nua

Os Deuses da Vida

Os deuses da vida são  primos dos deuses do tempo
E onde o tempo foi parar?
Você viu ele aí em algum lugar?
Ele estava logo aqui
Quando você chegou, disse o ar
Será que o tempo enfim parou?
Não deixou amanhecer
Não deixou envelhecer?
Manteve tudo em seu lugar?
Não, eles já vão nos acordar
E eu não quero ir, eu quero ficar
Me deixa ficar!
Suplicou a menina aos deuses do vento, do tempo e do ar.

Divã

Se eu quisesse eu falava
Eu te beijava e te amava
E até te ensinava
Que para você faz falta
Sua alma na calma
Se eu quisesse eu ria, eu sentia
Se eu quisesse eu seria o seu amor
Sem dor ou rancor
Eu te tocaria e não te deixaria
Tão sozinha
Mas ele não quis seu doutor
Então me dê um remédio por favor
Que cure esse mal de amor

Devours

In all the looks and all the places
I see them fight I see them racist
Spineless animals crawling back to carnivals
Carnivorous bones on their cold heart stone
Devouring every shred of me
This town holds nothing but hurt and disagree
Western thoughts become our memories
Disguesed realities of our lunatic formalities