quinta-feira, 29 de junho de 2017

Mudar

O verbo diz 
ir
Direto transita 
Indiretamente em oração
Embora eu tente
Você é peça torta
Peça afiada
Que corta e corta
Machuca em vão
Sem fundamento
Conjuga meu peito
No vazio oco
Do meu coração
Que sempre
tem mais um pouco
E te cede perdão
Mas você é assim
como um verbo
E do ponto de vista sintático
exerce a função
no núcleo da sentença
Nunca de sua ação

Boa Oração

Já estou cansada
Da morte da graça
De seu amor sem paixão 
E em boa oração
Pedi a Deus
Que o tempo seja terno
e nunca vão
E que a vida
Não desfaça
Dessa alma rasgada
costurada em perdão
De amores em migalhas
E disfarçada escravidão
Então devo lhe dizer
Que um dia amei você
E te amar não deixarei
Mas meu segredo contarei
Que a distância me conforta
E um novo amor me bate à porta
E dessa vez meu bem, irei!

Descalço os sapatos

Num buraco
menor que um átomo
em bizarro desejo 
me calo
e me perco
no infinito de seus atos
vagos e pendurados
no espelho atrás do carro
Desamarro e descalço os sapatos
Vermelhos como são teus lábios
E rebeldes como meus cabelos
Que ficam presos em seus dedos largos